Edições Sesc lançam ‘Graciliano: romancista, homem público, antirracista’, de Edilson Dias de Moura

Viés progressista e antirracista do autor se entrelaça aos enredos e personagens que o transformaram num dos grandes nomes da literatura brasileira

Autor de obras clássicas da literatura nacional, Graciliano Ramos (1892-1953) teve em vida uma atuação menos conhecida como administrador público. Essa faceta do grande romancista da segunda geração do modernismo brasileiro é revelada em Graciliano: romancista, homem público, antirracista, do pesquisador Edilson Dias de Moura, novo lançamento das Edições Sesc São Paulo. O evento de lançamento acontece nesta quarta-feira (27), quarta-feira, a partir de 19h, no Sesc 14 Bis (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – São Paulo / SP). Será uma aula aberta com o autor Edilson Dias de Moura, seguida de sessão de autógrafos. O livro teve origem na pesquisa de doutoramento de Moura, que, ao mesclar análise literária, consulta documental e história, fez descobertas sobre o escritor, chegando a um estudo inédito sobre como a postura política de Graciliano em sua vida pública teve influência direta na produção de seus romances.

Alagoano nascido em Quebrangulo, Ramos foi prefeito de Palmeira dos Índios entre 1928 e 1929, diretor da Imprensa Oficial de Alagoas em 1931 e diretor de Instrução Pública do mesmo estado entre 1933 e 1936. Neste último cargo, colocou em prática ações voltadas ao ensino laico, ao acesso de crianças negras à escola pública, à profissionalização do magistério, à distribuição de merenda e à promoção de professoras negras a cargos escolares diretivos, por exemplo.

Iniciativas como essas acabaram por desagradar determinados setores conservadores da sociedade, que já se direcionava ao Estado Novo. O clima hostil decorrente do posicionamento progressista de Graciliano culminou com seu afastamento do cargo e com sua prisão arbitrária, em 1936 (a experiência na prisão deu origem ao livro autobiográfico Memórias do cárcere, publicado postumamente em 1953).

Moura intercala a vivência de Ramos como homem público à análise literária de seus quatro romances: Caetés (1933), São Bernardo (1935), Angústia (1936) e Vidas secas (1938), todos publicados na década de 1930. O tecido social e o cenário da educação no Brasil à época, especialmente na região Nordeste, aparecem com frequência na literatura de Graciliano, e a pesquisa de Moura desnuda justamente como essa presença é reflexo das relações entre o trabalho de criação literária e a atuação inovadora do escritor alagoano como administrador público.

Em uma época de racismo institucionalizado e forte conservadorismo, o compromisso progressista e antirracista de Graciliano Ramos tanto em sua vida pública como em sua arte pode fortalecer as lutas já existentes e inspirar novas, em prol de uma educação mais igualitária e de um país definitivamente contra o racismo.

O crítico analisa a persona pública para buscar os elementos que articulam a visão de mundo expressa nos romances naquilo que Graciliano já escrevia antes de publicar qualquer livro – e também nas atividades que exercera antes disso. Os títulos das Edições Sesc São Paulo podem ser adquiridos em todas as unidades do Sesc São Paulo, nas principais livrarias, em aplicativos como Apple Store e Google Play, e pelo portal http://www.sescsp.org.br/loja

SERVIÇO

  • Lançamento Graciliano: romancista, homem público, antirracista, de Edilson Dias de Moura
  • Data: Dia 27 de março, quarta-feira
  • Horário: 19h
  • Aula aberta com Edilson Dias de Moura, seguida de sessão de autógrafos

    FONTE: PUBLISHNEWS
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