Morreu aos 91 anos o desenhista, jornalista e escritor Ziraldo, criador de personagens como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”. A informação foi confirmada pela família do desenhista na tarde deste sábado (6). Segundo os familiares, ele morreu enquanto dormia em seu apartamento no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio, por volta das 15h.
Nome essencial da literatura para crianças, mas não só, ele marcou e ajudou a formar gerações de leitores com livros como O Menino Maluquinho e Flicts e a série Os Meninos dos Planetas, todos no catálogo da Melhoramentos. Em 2017 participou da edição do Elicer – Encontro Literário realizada em Uberlândia, na Unialgar.
O Menino Maluquinho é considerado um dos maiores fenômenos editorais brasileiros de todos os tempos. Estimativas dizem que foram mais de 110 milhões de livros do personagem vendidos desde 1980, quando ele apareceu.
A Turma do Pererê, provavelmente a primeira revista em quadrinhos feita por um só autor lançada no Brasil, fez seu nome no início dos anos 1960. Além de sua contribuição como desenhista e escritor, Ziraldo foi chargista e caricaturista. Nos anos 1960, ajudou a fundar o jornal “O Pasquim”, veículo importante na luta contra a ditadura militar no país.
Seu trabalho mais recente foi o crossover com A Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Eles já haviam trabalhado juntos antes, mas num projeto que em nada se assemelha à ambição de MMMMM – Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica, lançado na Bienal do Livro de São Paulo (onde ele era atração disputada e presença constante). O livro é assinado por Manuel Filho e ilustrado pelos dois artistas.
Ziraldo Alves Pinto nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932. Seu primeiro desenho publicado apareceu na Folha de Minas quando ele tinha apenas 6 anos. Depois de uma infância entre o interior de Minas e o Rio de Janeiro, formou-se em direito em Belo Horizonte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Começou a trabalhar na Folha da Manhã em 1954. Formou-se em Direito em 1957 e ganhou notoriedade com textos de humor na revista O Cruzeiro e depois no Jornal do Brasil, no início dos anos 1960. Alguns de seus personagens mais célebres, como Jeremias, o Bom e a Supermãe, apareceram nesta época. A Turma do Pererê durou apenas quatro anos, sendo fechada pelo regime militar em 1964. Em 43 edições, porém, teve uma tiragem média de 120 mil exemplares, consolidou o personagem principal (às vezes apenas chamado de Saci), inspirado no folclore brasileiro.
Carreira premiada no Brasil e no exterior
Em 1969, Ziraldo ganhou o Oscar Internacional de Humor no 32.º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e o Merghantealler, prêmio máximo da imprensa livre da América Latina. Também foi convidado a desenhar o cartaz anual da Unicef. Na década seguinte, começou a se dedicar mais à literatura infantil.
Seu primeiro livro no gênero é Flicts, mas foi com O Menino Maluquinho, de 1980, que chegou a consagração definitiva. Vencedor do Jabuti e dando início a uma trajetória de sucesso com poucos paralelos na história editorial brasileira, o livro que apresenta o personagem começava com a frase: “Era uma vez um menino que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”. Ainda na década de 1980, seus personagens voltaram a aparecer em tiras de jornais.
Ziraldo teve seus livros traduzidos para dezenas de idiomas. Nos anos 1990, seus personagens também viajaram o mundo ao se transformarem em selos comemorativos de Natal dos Correios. Por pelo menos duas vezes, foi homenageado por escolas de samba no Carnaval do Rio. Ele teve diversas passagens na televisão, apresentando e participando de programas e produções.
Os maiores sucessos de Ziraldo
- O Menino Maluquinho (1980) – Mais de 4,1 milhões de exemplares
- Uma Professora muito Maluquinha (1995) – Mais de 500 mil exemplares
- Flicts (1984, pela Melhoramentos) – Mais de 500 mil exemplares
- O Bichinho da Maçã (1982) – Mais de 300 mil exemplares
- O Planeta Lilás (1984) – Mais de 200 mil exemplares
- Menina Nina (2002) – Mais de 140 mil exemplares
- O Menino Quadradinho (1989) – Mais de 120 mil exemplares