Livro do Ano foi para o vencedor da categoria poesia: ‘Engenheiro fantasma’ (Companhia das Letras), de Fabrício Corsaletti
Após a desclassificação de uma obra com uso de inteligência artificial, o Prêmio Jabuti 2023 revelou seus vencedores na noite desta terça-feira (5), em cerimônia no Theatro Municipal de São Paulo – o livro premiado em Ciências Humanas fala justamente sobre o assunto da IA. Já o Livro do Ano foi para o vencedor da categoria poesia: Engenheiro fantasma (Companhia das Letras), de Fabrício Corsaletti. Em cinco anos, desde 2018, é a quarta vez que um livro de poesia leva o prêmio principal da noite. Entre as editoras, quem se destacou foi também a Companhia das Letras, com sete estatuetas.
“Não sei o que falar, quero agradecer a Companhia das Letras que sempre me apoia nos projetos malucos que eu invento”, disse Corsaletti no palco. “Além da minha editora, a Alice Sant’Anna, quero agradecer meus amigos e colegas de geração, os poetas que vão talhando a linguagem da poesia contemporânea, com quem tenho uma troca maravilhosa e com quem aprendo muito. A linguagem literária é construída por toda uma época, toda uma geração”.
Corsaletti participa nesta quinta-feira (7), da última edição da série Encontro com Autores do Prêmio Jabuti. O encontro será realizado no Salão Nobre do Theatro Municipal de São Paulo, às 19h, e tem entrada gratuita.
Antes dele, quem falou foi Pedro Bandeira, personalidade literária do ano do Prêmio Jabuti. “Como é bom fazer parte do povo do livro”, disse. Ao lamentar os resultados das pesquisas sobre leitura e compreensão, o escritor afirmou: “Eu queria dividir esse prêmio com todos os meus colegas. Por aqueles que inventaram a literatura infantil e juvenil, começando por Lobato, mas passando por Tatiana Belinky, Ganymédes José, Stella Carr, Edy Lima, Odete Barros Motta… Eu sou o segundo, depois da Ruth Rocha, a ter a honra desse prêmio. Num país como o Brasil, essa literatura (infantojuvenil) é mais importante do que a literatura adulta”.
O vencedor da nova categoria do Jabuti, Escritor Estreante, foi o livro Extremo oeste, de Paulo Fehlauer (Cepe Editora). Na categoria Fomento à leitura, quem venceu foi o Álbum Guerreiras da Ancestralidade do Mulherio das Letras Indígenas.
Entre outros vencedores da noite, estão nomes como Marcelo D’Salete (HQ), João Gilberto Noll (Conto) e Ruy Castro (Romance literário). Veja a lista completa abaixo.
Literatura
- Conto: Educação Natural: textos póstumos e inéditos, de João Gilberto Noll (Record)
- Crônica: Por quem as panelas batem, Antonio Prata (Companhia das Letras)
- HQ: Mukanda Tiodora, Marcelo D’Salete (Veneta)
- Infantil: Doçura, Anna Cunha e Emília Nuñez (Tibi)
- Juvenil: Óculos de cor, de Lilia Moritz Schwarcz e Suzane Lopes (Companhia das Letrinhas)
- Poesia: Engenheiro fantasma, Fabricio Corsaletti (Companhia das Letras)
- Romance de entretenimento: Dentro do nosso silêncio, de Karine Asth (Bestiário)
- Romance literário: Os perigos do imperador, de Ruy Castro (Companhia das Letras)
Não ficção
- Artes: Walter Firmo: No verbo do silêncio a síntese do grito, de Sérgio Burgi (IMS)
- Biografia e reportagem: Poder camuflado, de Fabio Victor (Companhia das Letras)
- Ciências: Emergência climática, de Matthew Shirts (Claro Enigma / Companhia das Letras)
- Ciências humanas: Humanamente digital: Inteligência artificial centrada no humano, de Cassio Pantaleone (Unitá Educacional)
- Ciências sociais: Limites da democracia: De junho de 2013 ao governo Bolsonaro (Todavia)
- Economia criativa: Receitas do favela orgânica, de Regina Tchelly (Editora Senac)
Produção editorial
- Capa: Mensagem, capista: Flavia Castanheira (Todavia)
- Ilustração: A notável história do Homem-listrado, ilustradora: Fayga Ostrower (Edufrn)
- Projeto gráfico: Expresso 2222, responsáveis: Ana Oliveira e Paulo Chagas (Iya Omin Produções)
- Tradução: Finnegans Rivolta, tradutores: Dirce Waltrick do Amarante e Coletivo Finnegans (Iluminuras)
Inovação
- Escritor estreante: Extremo oeste, de Paulo Fehlauer (Cepe Editora)
- Fomento à leitura: Álbum Guerreiras da Ancestralidade do Mulherio das Letras Indígenas, de Evanir de Oliveira Pinheiro
- Livro brasileiro publicado no exterior: Marrom e amarelo, de Paulo Scott (Alfaguara e And Other Stories)
A cerimônia
A cerimônia foi apresentada pelo casal Sandra Annenberg e Ernesto Paglia – que brincaram no palco com o fato desta ser a primeira vez que apresentavam um evento juntos, depois de 30 anos casados. A condução levou a cerimônia de maneira leve e descontraída, com espaço para pequenos improvisos e risadas do público – mesmo assim, a cerimônia durou cerda de três horas.
Em cada uma das 21 categorias, um vídeo apresentava os nomes dos três jurados e juradas e os títulos dos cinco finalistas. Após o anúncio do vencedor(a), o autor ou autora (ou um representante) subia ao palco, cumprimentava os apresentadores e quem estava no palco para entregar as estatuetas. Uma foto era tirada e a próxima categoria se iniciava. Uma curta intervenção teatral também foi realizada antes da homenagem a Pedro Bandeira.
Pedro Bandeira, na cerimônia do Prêmio Jabuti 2023 | © CBLMais cedo, autoridades e os organizadores do Prêmio disseram algumas palavras.
A presidente da Câmara Brasileira do Livro, Sevani Matos, disse que a instituição tem um compromisso com os direitos do autores e autoras. Ela também adiantou um dado da pesquisa sobre consumo de livros, feita pela Nielsen a pedido da CBL, e que será divulgada na quinta-feira (7). “O Jabuti é conhecido por 45% dos leitores e compradores de livros no Brasil”, revelou.
O curador desta edição, Hubert Alqueres, disse que o Jabuti é a prova viva da potência do mercado editorial. “Esta é também uma obra coletiva, construída a várias mãos”, disse. Ele mencionou a homenagem a Pedro Bandeira. “Não se forma cidadãos plenos e consciência sem a disseminação da leitura desde a tenra idade, e esse é um ensinamento do nosso homenageado”, comentou. Ao mencionar, também como homenagem, o nome de Danilo dos Santos Miranda, houve muitos aplausos.
A secretária de Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo, Marília Marton, o secretário de Educação da cidade de São Paulo, Fernando Padula, e a secretária de gestão do Ministério da Educação, Anita Gea Martinez Stefani, também fizeram breves discursos. Ela corroborou uma informação que o secretário de Formação, Livro e Leitura do Minc, Fabiano Piúba, havia adiantado ao PublishNews: a de que a Política Nacional de Leitura e Escrita (Lei 13.696/2018) será regulamentada pelo Governo Federal ainda em 2023.
Fonte: PublishNews