Exposição vai abordar obras literárias sobre realidade de mulheres negras e dos marginalizados na sociedade
Professora e escritora reconhecida por diversas obras literárias, Conceição Evaristo se tornou a primeira mulher negra a compilar acervo no Arquivo Museu da Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa.
Evaristo é autora de obras que expressam a representação das experiências de mulheres negras e a necessidade de ampliação das políticas públicas voltadas para a população negra. A lista literária conta com:
- Ponciá Vicêncio (2003): romance é um dos mais conhecidos de Evaristo e recebeu aclamação por sua representação da vida de uma mulher negra em uma comunidade rural;
- Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2002): Uma coletânea de contos que explora a vida e as experiências de mulheres negras, refletindo sobre questões de raça, gênero e classe;
- Olhos D’Água (2015): Este livro de contos foi bem recebido e é conhecido por sua exploração das experiências de mulheres negras e suas lutas diárias.
“Fico honrada e envaidecida de ser a primeira escritora negra a ter documentos doados a este importante acervo. Mas é muito importante que não seja a única, e que a minha entrada abra portas para muitas outras escritoras e escritores negros”, relata a escritora.
O anúncio foi feito após a artista participar de uma atividade com representantes da fundação nesta semana. A poetista foi também a primeira mulher negra a tomar posse na Academia Mineira de Letras, que ocupa desde o dia 8 de março deste ano.
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em 29 de novembro de 1946 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ela é amplamente reconhecida por seu trabalho literário e sua contribuição para a literatura brasileira. A autora busca através da escrita, alertar sobre as melhoria das condições de vida e trabalho das mulheres negras e o combate à violência racial e de gênero.
Até o dia 29 de julho, a escritora realiza um curso gratuito na Fundação, com o tema “Uma arrebentação das margens”. A poesia de mulheres afro-brasileiras”, na Casa Escrevivência, espaço dedicado ao trabalho de Conceição, que celebra um ano de atividades. Informações pelo e-mail: irbaec@rb.gov.br.
Poetisa, Conceição Evaristo recebeu diversos prêmios e honrarias por sua contribuição à literatura, incluindo o Prêmio Jabuti, um ds mais prestigiosos prêmios literários do Brasil. Além de seu trabalho como escritora, Maria da Conceição Evaristo também tem sido uma ativista na luta pelos direitos das mulheres e pelos direitos dos negros no Brasil, contribuindo para movimentos que visam a justiça social e a inclusão.
Lutas por direitos
A 10ª Marcha das Mulheres Negras em Copacabana no Rio de Janeiro neste domingo (28), reuniu representantes do movimento negro em uma passeata contra o racismo e pelo bem viver. Realizada em 2015, a caminhada tem como objetivo principal dar visibilidade às questões enfrentadas pelas mulheres negras, como a violência de gênero e as desigualdades sociais e econômicas.
Um marco na mobilização social das mulheres negras no Brasil, o evento atrai a atenção da mídia e do público para as questões específicas que afetam esse grupo. O momento de reivindicações foi marcado pela presença de Conceição Evaristo, que participou da caminhada com outras líderes.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado as mulheres negras de 18 a 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos homens brancos no Brasil.
As informações foram analisadas pela organização Ação Educativa. Além disso, a juventude feminina negra tem uma renda 47% menor que a da média nacional.
No âmbito da segurança, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no último dia 18, revela que 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras em 2023. No ano anterior eram 61,1%.
Em relação à violência sexual, entre 2012 e 2023, também de acordo com o Anuário, a proporção de mulheres negras vítimas saltou de 56,4% para 63,2%.
*Informações da Agência Brasil