Grupo editorial passa a operar novo depósito em Jaboatão dos Guararapes, com objetivo de reduzir custos e aumentar eficiência na distribuição dos seus livros
Desde antes da pandemia, o Grupo Companhia das Letras planejava abrir um Centro de Distribuição no nordeste para atender os estados da região de forma mais ágil, barata e eficaz: nos últimos meses, os detalhes foram acertados e no mês de abril a editora passou a contar com um novo CD, como é chamado, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife.
O projeto do novo Centro de Distribuição envolveu vários setores da editora, e é a ação institucional mais importante da casa neste ano. O grupo prevê atender, inicialmente, com maior rapidez e eficiência, oito estados: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Estudos internos comprovaram que manter o atendimento à Bahia através do depósito de Guarulhos é mais eficiente.
“Nos últimos anos, a editora tem dedicado esforços à formação de um catálogo mais diverso, resultando na expansão de fronteiras e na promoção de autores de fora do sudeste. A inauguração do novo centro de distribuição em Pernambuco não só assegura agilidade no fornecimento de livros na região, mas também aprimora o suporte oferecido aos nossos escritores”, declara, em nota, Luiz Schwarcz, fundador e CEO do Grupo Companhia das Letras.
“Com um Centro de Distribuição no Nordeste vamos ganhar em agilidade nas entregas e grande redução nos custos do frete. Com isso, prevemos um aumento de 20% no faturamento na região em dois anos”, comenta Luciana Borges, diretora comercial da Companhia das Letras.
Toda a operação e logística do Centro de Distribuição ficará a cargo da Transpo Express, especializada em entregas e coletas no mercado editorial há mais de 30 anos. “É um projeto inovador da Companhia das Letras e temos muito orgulho em fazer parte dele. Seremos responsáveis por uma área de dois mil m² e temos previsão de ter uma equipe de 30 pessoas”, comenta Mariana Martins, CEO da Transpo Express.
Luciana Borges – que é finalista do Prêmio PublishNews Profissional de Marketing e Vendas do Ano – explica que nos últimos anos houve diversas mudanças na distribuição para as livrarias. “A Amazon tem dois CDs no nordeste, grande parte da operação da Amazon já está localizada. As livrarias antigamente recebiam as suas compras concentradas, mas já não é mais assim. Só a Leitura tem 20 lojas na região Nordeste e cada uma recebe as suas compras. Faz sentido ter a operação mais próxima. No modelo antigo, sofremos com as reposições porque existe um valor mínimo para que a livraria faça um pedido, tem que juntar um valor maior. Com o Centro mais próximo, reduzimos o custo e o tempo do transporte”, explica ao PublishNews.
Com a grande quantidade de lançamentos do Grupo, havia perdas principalmente no tempo de distribuição. “Agora, a gente marca uma data de lançamento para o mercado, e vamos conseguir mandar com antecedência para estar nas livrarias da região”, complementa. “Outra vantagem é que temos muitos autores nascidos no nordeste, de 12 a 15%, segundo nosso censo interno. Ao comparar esse dado com as vendas regionais, isso não se reflete. Agora, é uma oportunidade também nesse sentido, com possibilidades facilitadas de fazer eventos, por exemplo”.
Com o novo modelo, o valor do frete pago pelas livrarias vai diminuir. “Atualmente, o frete cobrado representa mais ou menos 4% do valor total do pedido, por conta da distância. Agora, vai custar 1%, 1,5%”, complementa.
Por enquanto, o CD vai atender a demanda B2B, ou seja, as compras de livarias. “De qualquer forma, o leitor do nordeste vai ter acesso ao livro muito mais rápido. Pode ser que a venda direta ao consumidor seja contemplada no futuro, mas por enquanto não é a ideia. O projeto é para atender livrarias, na segunda fase as escolas, e na terceira fase o governo”, diz Luciana.
Até a primeira semana de abril, o CD já estava com estoque 80% preenchido – a capacidade total é de 1,5 milhão de livros.
O funcionamento de um depósito no Nordeste também influencia na redução de emissão de CO2 da editora – isso porque, dependendo da situação de compra e dos pedidos, será possível enviar livros por cabotagem, ou seja, em navios de contêineres.
Para chegar na região, atualmente, os livros percorrem 2654 km por rodoviárias, com uma emissão de CO2 de 3,2 tCO2e. Com a inauguração do Centro de Distribuição, parte do catálogo será enviado por cabotagem. “As caixas vão percorrer 110 km até o Porto de Santos, atravessar 2332 km de navio até o porto de Suape, em Pernambuco, e transcorrer mais 50,4 km de caminhão até o novo depósito. A economia será de 76% nas emissões totais de CO2”, afirma João Lapenna, Gerente de Logística da Companhia das Letras.
